1/04/2006

sentir, o de mulher.

mas distanciado, como quem se vê da plateia para o palco. pouca ou nenhuma entrega.
tal como por carência orgânica se alimentava e dormia o mínimo possível, também o satisfazer de afectos masculinos o fazia com beijos de papel.



- será frígida?

houve quem questionasse. soube um dia. sorriu. não comentou. voltara a falar pouco e com quem queria apenas.

como explicar que lhe ficara a vida afectiva amputada na juventude que vivia? como dizer "sou viúva incurável de um homem que nunca foi o meu"?

nem a si própria o explicaria de maneira aceitável. por medo do ridículo calou. sempre. escrevia.

o teatro era bom. mascarava-lhe o rosto com expressões diferentes cada dia. mas para atingir o auge o espasmo o grito até à evasão interior, era a poesia.

die_kunstfabrik

Isto Não É Um Diário.

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