vivera numa aldeia argentina,
um dia levaram-no para uma cadeia no meio do mato. não teve tempo nem de avisar a mãe.
nunca lhe disseram o porquê. perguntas. só perguntas. de muitas ele nem sequer sabia o significado.
não havia mais presos. se os havia estariam bem escondidos. não falou.
falava agora por ele o corpo queimado a ferro em braza. todo o corpo.
escrevera um livro com as fotos da tortura. estava ali para o vender.
- só trouxe um exemplar, recebo encomendas e os guerrelheiros de cá farão a entrega. este dou-lho no fim, se o quiser...
- claro que quero, obrigada.
conseguira fugir. a magreza ajudara. recolheram-no umas freiras que lhe trataram os ferimentos. todos?
lá freiras deixaram os espanhóis aos montes pelo país...
saiu tarde do restaurante. ele era conhecido e os jovens também.
no mosteiro, a irmã porteira não gostou de ter de abrir a porta. eram desagradáveis quase todas. receberam a contragosto o festival de teatro mas ali, o governo ainda mandava mais.
os colegas fantasiaram encontros românticos. já era de costume. habituou-se a não os desmentir.
nessa manhã, vira um cabrito montês. contou. ironizaram.
gente de só acreditar no que parece convir à imagem que constuiram de alguém.
mas a isso era Maria indiferente. nesse tempo.
2 Comentários:
Finalmente alguém que escreve sobre as torturas!
Entrei por acaso. Encantado. Muitos parabéns.
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