1/22/2006

já o filho dorme.

bill brandt


só vivo no palco.

o resto é vazio.

o quarto vazio. a cama vazia. o corpo vazio.

já não sei de mim.

aquele menino tem os olhos tristes como eu sempre tive. sei bem como é. e sei que os não tinha quando eu parti.

tem medo. tem medos. os meus e uns novos, que já lhe inventaram no espaço de tempo em que fui e vim.

eu nem quero o palco. como lá subi?

a dizer poesia. aí sim, com gosto. tudo o resto foi tão rápido e forte que nem percebi.

a peça que fiz com raiva de ti. - mentira, com raiva de tudo em redor. dos dominadores dos prepotentes dos monstros que regem o mundo.

tenho de descer. sair de mansinho. voltar a ser gente de sentir real. como o vou fazer?

por onde começo?

o meu corpo freme. o meu corpo teme. o meu corpo dói.

primeiro sacio-o. depois se verá.



e por fim, dormiu. um sono sem sonhos. decidida já.

3 Comentários:

Blogger Lmatta disse...

Maria
A vida prega-nos rasteiras mesmos nos contos.
Beijocas grandes

janeiro 22, 2006 5:41 da tarde  
Blogger José Alexandre Ramos disse...

se não tivesse a boca aberta, era um beijo que deixava. dá-me um abraço.



(sei que não passo por aqui assiduamente, e quando o faço tenho tudo por ler. o comentário vai portanto para além deste texto. vai para ti.)

janeiro 22, 2006 6:56 da tarde  
Blogger paper life disse...

Um Abraço!

janeiro 22, 2006 7:03 da tarde  

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