a única neblina na tentação de ficar
e quando a lua sobe e brinca com as árvores da montanha, quando a côr desaparece daquele mundo de lenda , ela perde-se na palavra portuguesa que agora entende bem, saudade.
meu menino moreno e reguila, terás perdido o meu cheiro da memória ao voltar? passaste pela cadeia no meu ventre. sofreste o que eu sofri sem eu o querer. agora não sou eu a chegar na hora em que tu choras, para te calar com a voz de contralto que te acalma, noite adentro já:
Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti
Outra que eu souber será p'ra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu'inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer
Deixa-a vir também adormecer.
talvez acordasse os vizinhos às duas da manhã mas tu, adormecias. meu amor!
E agora?
Zeca Afonso, Canção de Embalar
2 Comentários:
Adoro esta canção:)
... Esta era a cantiga que a minha Mãe me cantava. Lembro-me de estar acampado no Gerês e um fogo grande estava a descer a colina (devia ter uns 4, 5 anos) estava radiante com o meu Pai e Mãe. Juntos. Antes da separação e da doença. Antes do cinísmo e da amargura. E a enquanto todos se preocupavam com o fogo, a voz de contralto da minha Mãe cantava-me a Canção de Embalar. Agora quero perlongar ao máximo este tempo de magia para o meu filho de olhos brilhantes como estrelas.
Um beijo.
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