1/12/2006

a única neblina na tentação de ficar

do outro lado do oceano e esquecer a ditadura e a pequenez da envelhecida europa, é o filho. será sempre o filho, enquanto viajar.

by Don vaillancourt

e quando a lua sobe e brinca com as árvores da montanha, quando a côr desaparece daquele mundo de lenda , ela perde-se na palavra portuguesa que agora entende bem, saudade.

Flávia Bomfim

meu menino moreno e reguila, terás perdido o meu cheiro da memória ao voltar? passaste pela cadeia no meu ventre. sofreste o que eu sofri sem eu o querer. agora não sou eu a chegar na hora em que tu choras, para te calar com a voz de contralto que te acalma, noite adentro já:

Dorme meu menino a estrela d'alva

Já a procurei e não a vi

Se ela não vier de madrugada

Outra que eu souber será p'ra ti

Outra que eu souber será p'ra ti


Outra que eu souber na noite escura

Sobre o teu sorriso de encantar

Ouvirás cantando nas alturas

Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas de embalar


Trovas e cantigas muito belas

Afina a garganta meu cantor

Quando a luz se apaga nas janelas

Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva o seu fulgor


Perde a estrela d'alva pequenina

Se outra não vier para a render

Dorme qu'inda a noite é uma menina

Deixa-a vir também adormecer

Deixa-a vir também adormecer.

talvez acordasse os vizinhos às duas da manhã mas tu, adormecias. meu amor!

E agora?


Zeca Afonso, Canção de Embalar

2 Comentários:

Blogger wind disse...

Adoro esta canção:)

janeiro 12, 2006 2:33 da tarde  
Blogger Acrónico disse...

... Esta era a cantiga que a minha Mãe me cantava. Lembro-me de estar acampado no Gerês e um fogo grande estava a descer a colina (devia ter uns 4, 5 anos) estava radiante com o meu Pai e Mãe. Juntos. Antes da separação e da doença. Antes do cinísmo e da amargura. E a enquanto todos se preocupavam com o fogo, a voz de contralto da minha Mãe cantava-me a Canção de Embalar. Agora quero perlongar ao máximo este tempo de magia para o meu filho de olhos brilhantes como estrelas.
Um beijo.

janeiro 12, 2006 4:37 da tarde  

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