começa aqui a entender o poema
a única coisa de si que não vai destruir. alguém a guardará. não serei eu.
Quando o navio larga do porto!
Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento tremulamente sobre águas eternas.
Acordar para dias mais diretos que os dias da Europa,
Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar,
Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens
Por inumeráveis encostas atônitas...
Ah, as praias longínquas, os cais vistos de longe,
E depois as praias próximas, os cais vistos de perto.
O mistério de cada ida e de cada chegada,
A dolorosa instabilidade e incompreensibilidade
Deste impossível universo
A cada hora marítima mais na própria pele sentido!
O soluço absurdo que as nossas almas derramaram
Sobre as extensões de mares diferentes com ilhas ao longe,
Sobre as ilhas longínquas das costas deixadas passar,
Sobre o crescer nítido dos portos, com as suas casas e a sua gente,
Para o navio que se aproxima.
(excerto de Ode Marítima - Álvaro de Campos)
aproximo-me e o meu corpo começa a arder. fervo em mim. que excitação é esta nova e urgente, como um cio desconhecido e imperativo?
amo neste momento todo o universo sem saber porquê. quero misturar-me com toda a gente. deixar os meus genes pelo mundo.
enlouqueci?
se ao menos, amor, estivesses comigo. mas vou sorver tudo como se assim fosse, como se fossemos dois. ser realmente apátrida. pertencer ao mundo que, pela primeira vez, me abre as fronteiras. beber terra e oceanos. devorar costumes línguas sabores aromas cores diferentes.
Patrick Demarchelier
dissolver-me!
4 Comentários:
Dissolver-te em quê? Naquilo que és e com que sentem!! :)**
MP,minha linda, está tudo no resto do post e tu és inteligente. :)
Bjinhos :)
Quantas vezes a inteligência não embota a capacidade de SER?? A razão destrói tantas vezes o que é apenas para ser Sentido e não explicado! :)**
:) Bjs
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