erguido enfim o pano
riu Creonte! riu porque te vejo de repente aos quinze anos. o mesmo ar de impotência e de crença no teu poder absoluto. a vida apenas te acrescentou essas rugas no rosto, e essa gordura!
- cala-te!
- porque queres fazer-me calar? não vês que leio nos teus olhos que sabes que tenho razão?
mas tu nunca o admitirás.
ah, essas vossas caras. essas vossas caras de cozinheiros. tendes todos o mesmo esgar a um canto do olho ou da boca.
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meu Pai só foi belo mais tarde. matou o próprio pai, dormiu com a própria mãe e já nada, nada poderia salvá-lo. então arrancou os olhos para não ver mais nada.
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Mikaella de Rainrisfinda a peça com a morte como é uso da tragédia, o pano cai.
a voz ouvira-se mais longe que costume. vários Creontes a tentaram calar muito depois. ela sentiu oprgulho do seu esforço e do mestre, que lhe ensinara as técnicas que lhe faltavam ao talento.
se alguém passou a amá-la depois disso, não foi por certo pelo sorriso aberto, mas pelo olhar frontal que nunca mais a abandonou.
1 Comentários:
(...) pelo olhar frontal que nunca mais a abandonou. (...)
Assim mesmo, sem cinismos ou subterfúgios no olhar, sem medos ou condenações.
Simplesmente mulher, humana e gente.
Um Beijo
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