12/19/2005

não sabia a morada.procurou, pela noite,

um amigo do grupo de teatro a que antes pertencera, na sua cidade. encontrou. não queria que ela fosse visitá-lo.

- descansa. está melhor. foi o coração. encontrou-o um médico na estrada como quem estivesse a olhar o mar. estranhou que não se movesse e parou para ver. foi na Arrábida. que diabo estaria a fazer lá, sozinho ao fim da tarde?

ela queria tanto responder que sabia, mas tinha outra urgência.

- vamos.
- não. a mulher é ciumenta e se te vê...
- e que tenho eu com isso? fique com o homem. eu vou ver o Amigo.


Michael Kenna

disparou pelas vielas da cidade velha que mal conhecia. seguiram-na. acabaram por indicar a casa. bateu. cumprimentou e avançou para a cama.

- você! você veio ver-me!
- teria vindo antes se não tem dito que andava com muito trabalho. de doença nem uma palavra.
- não a queria preocupar, como agora. se visse a sua cara.



estavam de mãos dadas como se não houvesse ninguém perto. como se tivesse sido sempre assim como se nada mais importasse já que estavam juntos.

drdriving.


mas que onda era aquela forte, que ela ouvia e parecia querer arrancar-lho das mãos entrelaçadas?

- porque não quer tratar-se?

- querem que deixe o teatro. isso é morrer, para mim.

- para mim é tê-lo vivo. e no teatro há bem mais que fazer sem ser no palco.

- parece tão simples pela tua voz. ( e baixo) o meu poema!

- é simples. prometa-me!

- eu trato-me.

sorriam os dois. ouviram vagamente alguém lembrar as horas.

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