parece ter sido a primeira relação, pelo que leio.
eu quero que ele me queira. eu sei que sou sem graça excepto a dizer poesia, mas para ele quero ter graça, ser bonita, alegre, inteligente. para ele eu quero ser tudo aquilo de que um homem pode e deve gostar.
que sei eu disso?
cunningham
mas ele deu-me a mão. passeámos no cais em silêncio vendo só silhuetas. nem me atrevi a olhá-lo. sentia-lhe os olhos à procura dos meus mas tive medo do que podia ver. eu vejo dentro dos olhos das pessoas. nos dele eu quero ver amor. por isso ainda não olho. se não for verdade, quero estar enganada um pouquinho mais.
- de dia é tudo azul. agora veja os reflexos e a diferença dos sons. mas nada pára. a faina continua. aquele barco ali, está prestes a partir.
- quando um barco sai para a barra
é que a saudade usa a arte
de ser a única amarra
que o prende ao cais de onde parte.
- a sua voz foi feita para a poesia ou o inverso. não sei. não quero pensar.
mas depois de um silêncio.
- passou depressa o tempo. temos de ir.
voz suave. quase triste.
ou foi a minha tristeza a projectar-se?
2 Comentários:
Os medos, a angustia antecipada da rejeição, o medo de olhar e enfrentar o que fatalmente acontecerá mais tarde ou mais cedo, é viver na corda bamba do amor, podendo cair ou atravessá-la a cada momento…tudo dependendo de nós.
Beijo
... acompanhando o passeio, de mãos dadas com as recordações transcritas...
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