olhando para o lado da barra
Obrigada pela foto, Lmatta
- promete?
- prometo. só não vamos agora porque o negócio vai mau.
que sabias tu de negócios, meu artista?
nunca fomos. sempre olhámos. era no longe que espraiávamos sonhos. como dantes, os antigos.
hoje já não se navega, voa-se. tenho pena, quando o avião subir, voltarei a olhar a barra como se fosses comigo.
levo-te na bagagem da alma, levo sempre, para onde quer que vá.
não deixes que eu não saiba viajar.
Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever essas coisas.
Tinta cor de sangue. Sangue verdadeiro, encarnado!
Eu ainda não fiz viagens
E a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,
tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe!
Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio.
Um feitio que sirva exatamente para a nossa casa.
Como a mesa.
Mãe!
Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
gostavas de me ouvir este poema, quase tanto como eu gostaria de ter uma mãe que me entendesse como tu.
Sascha Hüttenhai
amor, eu vou partir.
(poema de Almada Negreiros - citado de cor)
3 Comentários:
Tal foi a importância deste Poema em ti! Viajar! Viajar no tempo de Passados com Presentes que são caminhos de procura de Futuros.. Bom fim de semana! **
É lindo o poema mas mais lindo deverá ser ouvir-to declamar…o que eu não daria para te ouvir um dia, é que eu não tenho jeito apesar de gostar muito.
Beijo carinhoso
Já agora podias fazer o obséquio de me enviar este extraordinário poema por mail?
Desde já agradecido, beijo
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