1/07/2006

barco parado na areia

desperta ao apelo das viagens.

Eligiusz Langner

Ah, a frescura das manhãs em que se chega,
E a palidez das manhãs em que se parte,
Quando as nossas entranhas se arrepanham
E uma vaga sensação parecida com um medo -
O medo ancestral de se afastar e partir,
O misterioso receio ancestral à Chegada e ao Novo -
Encolhe-nos a pele e agonia-nos,
E todo o nosso corpo angustiado sente,
Como se fosse a nossa alma,
Uma inexplicável vontade de poder sentir isto doutra maneira:
Uma saudade a qualquer coisa,
Uma perturbação de afeições a que vaga pátria?
A que costa? a que navio? a que cais?
Que se adoece em nós o pensamento,
E só fica um grande vácuo dentro de nós,
Uma oca saciedade de minutos marítimos,
E uma ansiedade vaga que seria tédio ou dor
Se soubesse como sê-lo...

..............

Soa no acaso do rio um apito, só um.
Treme já todo o chão do meu psiquismo.
Acelera-se cada vez mais o volante dentro de mim.

Pascal Renoux

.................

Chamam por mim as águas,
Chamam por mim os mares,
Chamam por mim, levantando uma voz corpórea, os longes,
As épocas marítimas todas sentidas no passado, a chamar.

Farewell Eyes By Asya Schween

único olhar e adeus para o filho, a quem sempre, sempre irá voltar.


(fragmentos de ode marítima - Álvaro de Campos)

3 Comentários:

Blogger Era uma vez um Girassol disse...

Lindo como sempre!
Enviei-te um mail com um HELP!
Bjs

janeiro 07, 2006 1:46 da tarde  
Blogger paper life disse...

Se entrares pelo link ao lado, Girassol encontras o teu blog inteirinho :)

Bjs

Vou mandar mail

janeiro 07, 2006 2:05 da tarde  
Blogger lique disse...

É bom estar sempre desperta ao apelo das viagens. Um dia embarcamos sei lá para que cais... :)
Beijinhos e bom fim de semana

janeiro 07, 2006 6:51 da tarde  

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