todos os dias são dias de Tudo.

havia um Homem que gostava de gente e de bichos.
quando gostava muito de alguém dava-lhe um nome do bicho que essa pessoa, na sua imaginação, lhe sugeria.
havia o galgo, a marmota-selvagem e tantos tantos outros.

um dia, apareceu uma mulher (não sei de que era dia, nesse dia) a quem ele queria dar nome e... não sabia.

chamou-lhe bicho. só. mais tarde bicho fugidío. depois foi acrescentando adjectivos à palavra bicho, conforme os dias dessa mulher ou dela na cabeça dele, tanto faz.

ela não sabia nadar sem ver o fundo. tinha de saber o que estava no abismo, para lhe perder o medo.

freespirit

quando o Homem viu isso: ela fora de pé, feliz a ver as algas e os peixes em cardumes a passar na praia deserta ( tinham ido de charuto com ele a remar) e a sair da água como se fosse ali o seu meio natural, exclamou:

meu bicho-das-águas!

nunca ela ouviu nome mais a ver com a sua natureza.

agora, pensando bem, nesse dia não era dia de nada, a não ser dela e dele.