o hóspede melhorara e a minha amiga

veio finalmente à cidade, almoçámos juntas, tentando infrutiferamente, pôr em dia anos de temas em atrazo. mas ela voltava sempre ao padre-que não-é-padre-ainda. parecia aliviá-la salientar isso.

- é tão novo e já entregue áquela espécie de corvos que parecem granívoros mas, é só a presa baixar a guarda e devoram-na inteira...

maniacfilms.

- deixa-te disso. não podes tomar a árvore pela floresta. já passou tanto tempo e eras tão nova. mal sabes como tudo se passou...

- já sei mais do que pensas. a mãe não conseguiu que lhe queimassem todos os papéis.

- o que há de novo então?

- era verdade o que contavam à socapa as amigas.
o padre por quem se apaixonou e com o qual, por um maldito acidente, fez um filho, quase a escorraçou. portou-se como se ela fosse o inferno e ele o candido cordeiro do senhor. imoladinho ali, na sua imagem de perfeição que não sobreviveria ao escândalo.
...e ela não falaria, nunca, nunca!

isleofberneray

como se um filho se fizesse sozinho! o raio que o parta aonde estiver, se ainda existe!

- se a tua mãe o amou não iria gostar que falasses assim...

- amou-o sim, a tola. ela nem queria dizer-lhe, não queria nada dele. depois pensou que ele talvez ficasse feliz por deixar genes directos neste mundo e decidiu contar. como se arrependeu!

mudei de assunto para a acalmar. falámos das viagens dela, da miséria e da guerra que vira e retratara. combinámos jantar dias mais tarde, sem o pp, claro.

*

- aonde foi ela que nunca mais chega?

tive um sonho tão estranho. eu estava a afundar-me e ela estendia-me a mão e eu sabia que era a mão mais certa.

Geiger Donlon