12/12/2005

existe um rio.

existe ainda um rio que outrora foi azul.
não quero contar isto! não, não quero. mas estou a lembrar-me e a caneta recusa-se a parar.

existe um rio, o teu. ainda vai dar ao mesmo mar. o rio que nos unia no olhá-lo e pouco depois me ficou à distância, com outro rio que, por isso não amo, pelo meio.

Jean-Bernard Augier


à hora a que o rio reflecte o cais e ninguém nos buscava, nessa hora escura que antecede a noite, tu olhaste-me com atenção maior.

thirddaygallery


- que é que se passa, Maria?

- nada...

- como nada? então deixei de a conhecer? o seu olhar não consegue enganar-me.

éramos tão formais no trato, nessa altura...


Sascha Hüttenhain

desabei como um suicida sobre um penhasco. foste tu quem aparou a queda.

- ó meu amor! que foi, que aconteceu?

- vão levar-me daqui. vamos mudar. não volto nunca mais.

a tua voz carinhosa, serena:

- ainda aqui estou e estarei sempre. não conheço distância que a vontade não vença. vamos... calma. tudo tem solução.

- não posso continuar a dizer poesia no grupo e fora dele, não quero dizer mais.

- voltas sim. tu és o meu poema.

soou tão bem a palavra poema dita assim. e num beijo molhado de lágrimas de ambos, a noite terminou.

5 Comentários:

Blogger Manel do Montado disse...

A musica...a prosa, a imagem...simbiose de uma vida que mostras ou simplesmente o relato de uma obra sentida?
De qualquer das formas gostaria de um dia te ouvir dizer poesia, da mesma forma que um dia o vi fazer a uma mulher às 7 da manhã na praia de Carcavelos. Não a conhecia e logo ali me encantou a forma como dizia o que lhe ia na alma. Os poemas não eram conhecidos, presumi-os dela.
Não a conheci, vinha com um grupo de uma noitada. Eu…era o ver amanhecer de mais um dia depois de uma noite não dormida e sofrida, queria sentir-me vivo com o sol e com o mar. Ainda hoje me arrependo de não lhe ter perguntado o nome. Que bem declamou o mar, o amor e o amar.
Não me agradeças as palavras que te deixo, faço-o porque quero, mas sobretudo porque as mereces.
Beijo para ti.

dezembro 12, 2005 6:02 da tarde  
Blogger Lmatta disse...

Ola
Gostei
beijinhos

dezembro 12, 2005 7:00 da tarde  
Blogger M.P. disse...

É um relato triste de separações co presenças que ficam num sabor de um beijo. Tu tens a capacidade de nos prender nos teus proseados poéticos! :) Boa semana!**

dezembro 12, 2005 10:27 da tarde  
Blogger lique disse...

Sempre em flashes que recriam situações... relembram momentos? Beijinhos.

dezembro 12, 2005 11:12 da tarde  
Blogger batista filho disse...

... a noite terminou... mas não a narrativa!

dezembro 14, 2005 1:01 da manhã  

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