- então doutor, quer dizer que...

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- que dizer que, se vive sózinho, tem de ser internado. a exposição à chuva e o manter-se molhado duas horas antes de bater a uma porta, sabe-se lá porquê, lhe arranjou um problema sério, a tratar com cuidado antes que degenere em pneumonia.

- doutor, que disparate é esse de internar o p.p.?

- não há alternativa minha senhora. a febre está muito alta e ele vai necessitar de cuidados.

- ele fica onde está. eu volto à cidade pelos medicamentos e ocupo-me dele.

- não!

- porquê?

- você mesma disse que ia arranjar trabalho...

- mas por agora não preciso. vendi há pouco no jornal duas reportagens. é o que faço.
não há discussão. fica e pronto.

- padre, acho que é o mais sensato. o hospital está cheio. isto foi quase epidémico.

(nem o médico entende. ele sabe que sou padre e insiste em deixar-me sozinho aqui.

com ela por perto como hei-de explicar-lhe porque prefiro ir?)

René Andersson

(os dedos dele, poisados sobre a cama, parece que tocam os meus sem os mover...)

- vamos doutor, vou só vestir o blusão, ainda chove. tenho de vir preparar-lhe uma refeição quente.

Cynthia Zordich

(ela parece tão vulnerável. estou a ser um tonto, um fraco. é da febre. só pode ser da febre.)