2/28/2006

- quer uma bebida?

nem sei bem que tenho para lhe oferecer, eu bebo cacau... ah, tenho bourbon, trouxe da viagem, foi oferta.

- obrigado, aceito. acho que até por dentro arrefeci.

Rohr

- garantiram-me que era puro e artesanal, se isso é bom ou mau, diga-me depois, para eu reclamar.

agora, já mais confortáveis, posso perguntar-lhe quem é?

- que vergonha! nem me apresentei. chamo-me pedro vaz.

- pedro do santo e vaz do caminha?

- pedro do santo, sim, famílias católicas sabe como é...

- por acaso não sei, mas tanto faz, aprendo com os outros. já estou habituada. e que é que faz?

- sou padre.

de que é que ri?

- desculpe, venho do deserto, não estou habituada a controlar expressões. ri porque o visualizei mais como druída , perdendo a batalha com a natureza
.

do que como padre católico representando o todo poderoso. com vestes femininas e sinais que quase ninguém entende e são para isso mesmo.

- não é crente ou não gosta de padres?

- padre é lá coisa de que seja preciso gostar? vieram para ficar e pronto. são uma realidade como outra qualquer.

- tem mágoa na voz...

- eu tenho é sono. também fui apanhada na praia e assustei-me quando o vi na água, pensei que estava a ter visões, das más.

- irónica e fugidia já vi que é.

- hoje, padre pedro, não vai ter tempo para ver mais nada que a cama está à espera e o gato também. só tenho um quarto mas a sala está quente e a lareira acesa tome esta manta, é pura lã. se tiver fome o frigorífico foi recheado ontem à noite.

descanse bem.

- salvou-me a vida, sabe?

- salvei-lhe o quê? você morre por pouco...

anda zack!


- boa noite. durma em paz.

Gabor


tinha de ser padre! e se eu lhe tivesse aberto a porta como estava, nua, diz-me espelho meu, teria fugido?

1 Comentários:

Blogger Pedro Farinha disse...

interessante, gostava de assistir ao pequeno almoço ;-)

fevereiro 28, 2006 4:17 da tarde  

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