- quer uma bebida?
- obrigado, aceito. acho que até por dentro arrefeci.
- garantiram-me que era puro e artesanal, se isso é bom ou mau, diga-me depois, para eu reclamar.
agora, já mais confortáveis, posso perguntar-lhe quem é?
- que vergonha! nem me apresentei. chamo-me pedro vaz.
- pedro do santo e vaz do caminha?
- pedro do santo, sim, famílias católicas sabe como é...
- por acaso não sei, mas tanto faz, aprendo com os outros. já estou habituada. e que é que faz?
- sou padre.
de que é que ri?
- desculpe, venho do deserto, não estou habituada a controlar expressões. ri porque o visualizei mais como druída , perdendo a batalha com a natureza.
do que como padre católico representando o todo poderoso. com vestes femininas e sinais que quase ninguém entende e são para isso mesmo.
- não é crente ou não gosta de padres?
- padre é lá coisa de que seja preciso gostar? vieram para ficar e pronto. são uma realidade como outra qualquer.
- tem mágoa na voz...
- eu tenho é sono. também fui apanhada na praia e assustei-me quando o vi na água, pensei que estava a ter visões, das más.
- irónica e fugidia já vi que é.
- hoje, padre pedro, não vai ter tempo para ver mais nada que a cama está à espera e o gato também. só tenho um quarto mas a sala está quente e a lareira acesa tome esta manta, é pura lã. se tiver fome o frigorífico foi recheado ontem à noite.
descanse bem.
- salvou-me a vida, sabe?
- salvei-lhe o quê? você morre por pouco...
anda zack!
- boa noite. durma em paz.
tinha de ser padre! e se eu lhe tivesse aberto a porta como estava, nua, diz-me espelho meu, teria fugido?
1 Comentários:
interessante, gostava de assistir ao pequeno almoço ;-)
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