não tendo eles outra fé

que o respeito pelo Homem e pela beleza da arte sacra, tiveram a primeira conversa sobre o tema tabu.

eram já anos 70 noutras terras, na deles eram tempos de pide, polícía de costumes, Cerejeira e Salazar.

David Sanger

- desculpe, não entendo.

- só não queres entender.

- somos da mesma arte, não temos preconceitos, amamo-nos, não o quero tirar a ninguém, não tenho vocação para o casamento sequer. explique-me. devo ter caído do berço ao nascer e fiquei tola. não valerá a pena ser explícito e dizer que não quer?

Thijs Van Gils

a física expressão dele fez com que Maria se arrependesse da agressividade que pusera no tom.

- desculpe...

- não tens culpa. todos os erros têm sido meus. casei por erro. iludi, menti e nasceu o meu filho que conheces. é mais velho que tu...

- crescidinho portanto.

- não ironizes mais. eu também sofro, sabes?

sabia.

- a minha mulher não tem culpa de nada. não estudou. não a posso deixar. não ganho para manter duas casas e não a mandaria esfregar chão. não o merece.

- e o que é que tudo isso tem a ver com aquilo que eu disse? pedi-o em casamento, por acaso?

- deixa-me terminar. sou amigo do teu pai, somos quase da mesma idade...

- pois e eu corro direita a ele a dizer: "pai, acabei de ir para a cama ou para a mata, com o seu amigo".

- mas saberia eu. além disso tu terás namorados... não tenho o direito de ser eu...

- o primeiro?

a raiva de Maria cresceu. silenciou-a. o raio da falsa castidade ainda em vigor.

René Bilodeau

separaram-se depois de Maria o acalmar. como amigos que sempre seriam.

precisava ser bruxa de um culto forte e equilibrado, natural, para pôr cabeças cheias de honras vãs, em sintonia com a Natureza.

isso não era trabalho que a sua idade permitisse saber.

era magra, alta, olhos verdes e tinha 16 anos, nesse tempo.

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fim do conteúdo da primeira arca de papéis.