sair sem o caderno, não sabia.
é como os comprimidos que lhes dão na fábrica, não curam, aliviam. escrever é um desses comprimidos para mim. não cura o que na alma dói, distrai a dor.
e ia pelos campos mais presa a aves e árvores que a gente.
mas saltemos a infância por agora. eu sei que não é de costume.
pensem num flash back de cinema, confesso que pessoalmente detesto filmes a começar pelo fim, mas garanto, não será este o caso. os papéis de Maria não foram ordenados, sairão ao acaso. quem uma vez os ler que trate, se quiser. de lhes dar a ordem que entender.
sinto-me só. de uma solidão tão grande e escura como imagino a morte. mas estou viva. mexo-me, olho e vejo. e bem mais do que queria vejo eu.
os mal amados são sempre maus e há tantos. quem não os soube amar, tantas vidas estragou.
se quisesse encontrar responsáveis teria de começar tão longe que o melhor é deixar tudo como está.

aprendera já a olhar mais que a paisagem. olhava agora as gentes e os seus comportamentos, com olhar de lince, mas não de predador.