3/21/2006
Poetry day
my gratefulness to ania-madina and through her, to all the photographers of whom I used photographs in this blog, without them it would be surely an inferior space.
3/20/2006
caminante no hay camino

um dia ela não controlou instintos ou palavras. um dia disse tudo o que acumulara anos a fio e fez só o que quis. sentiu-se livre mas durou instantes.
os fariseus de agora, trouxeram água e terra e fizeram da mulher estátua de lama. riram e cuspiram-lhe em roda, até ela não saber mais se era quem eles diziam ou quem tinha sido até áquele dia.
de cansada sentou-se para pensar.
quem eram eles? o que é que lhes devia? se a alguns salvara até a vida porque haveria agora de lhes pedir perdão por ser gente verdadeira com erros verdadeiros?
então ergueu-se, procurou um rio. mergulhou nele corpo e alma, fez-se líquido puro.

Antoine de Villiers
depois seguiu fazendo o seu caminho e, nunca mais olhou para trás.
3/19/2006
pai!
Bryan Miller
o meu pai era uma estrada recta
árvore erguida, trigo que dá pão
era o poeta que conhece a vida
homem amigo que me dava a mão
o meu pai era árvore que estendia
os braços, como abrigo, a quem viesse
era a esperança onde ela não havia
era carinho aonde o não houvesse.
o meu pai foi nuvem que subiu
foi água que regou e fez crescer
foi um cristão sem fé (se já se viu?)
o meu pai não morreu, cansou, partiu.

3/18/2006
3/16/2006
a minha casa


child in dream by Elena Vasileva
3/15/2006
houve dias e meses
tantos conselhos lhe deram vida adentro mas na hora, naquela hora, estava sozinha corpo e alma.
Elena Vasileva
jantou com ele, deitaram-se e ficou até ser de manhã.
tinha uma escova de dentes e um pijama a provar que ficava.
nada mais.
mais tarde soube que isso o magoara . tinha levado o acto como sinal de pouca convicção.
não se importou.
quando sozinha e
uma mente caudalosa de ideias e cultura. de ideias incutidas cedo, rejeitadas tarde e que deixaram marca. outras que lhe brotavam, como na cabeça de um louco brotam brilhantes conceitos, que gostaríamos tanto de poder chamar nossos. ela pelo menos sim.
os loucos e as crianças eram o seu fascínio.
George Reclos
Maria aprendera a caminhar em cordas tensas desde o tempo do amor, tempo de melros, mas se isto era amor, era tão diferente do que sentira antes, que mal se atrevia ainda a chamar-lhe isso.
- casar, não caso. o meu filho não vai ter por padrasto um homem que eu própria mal conheço. além disso, para quê? nunca foi a minha vocação...by Majid Mohammad
- ele é estranho parece que baloiça entre a quase rigidez e uma maleabilidade de acrobata. depois há os silêncios que parecem de pedra mas não são. o olhar invade, fotografa, transforma, desnuda.
não sei se é ele que olha ou uma máquina que me regista e me rouba a alma. sou mesmo árabe!
ria de si. mas estava inquieta. muito.
- definitivamente eu quero aquele homem. mas será que ele me quer a mim?
nunca fora segura das suas qualidades. ouvira tantas vezes "ela não é capaz", que acreditara, tanta era a convicção posta nesse dizer.by Bruno
- tem vezes em que o olho como uma escada agreste a subir com gosto. sempre gostei de percursos difíceis, mas depois parece que fui dar a beco sem saída. a escada não tem fim, só tem muro a fechá-la. saberei eu lidar com isto já?
mas no sexo esquecia.
bebiam e amavam-se entre corpos. e os corpos, se livres, acabam sempre por entender-se bem.Sylvie Blum
3/14/2006
despertou
não entendeu porquê, mas há muito deixara de se questionar sobre o que lhe era estranho. não faria mais nada. tudo o que vivia pareciam cenas de uma peça que lhe tinham dado para interpretar e da qual desconhecia o autor.

by Mark Dornblaser
- aquele homem é fogo e gelo ao mesmo tempo. qual sobreviverá? as hipóteses seriam mínimas para o gelo, é óbvio ou parece, mas é como se ele se auto congelasse, quando só.
tenho de ir trabalhar. este homem está a tomar demasiado do meu tempo útil.
tudo parecia tão simples quando , em viagem, fazíamos versos surrreais a meias.
raios, o telefone. que máquina esta que eu dispensava bem!
- sim?
- olá!
- olá.
- posso ir buscá-la para jantar?
... posso?
- ... pode. até logo.
ela podia bem ter dito : - não.
podia. não fora a voz de fogo e as memórias da pele - pele de bébé! - que ultrapassaram os fios e lhe incendiaram o corpo no instante.
at terryvision
3/13/2006
olhou a moto estacionada
-olá, bom dia.
- olá. gosta de motos?
- desde miúda.
- óptimo! quer ir à outra banda?
- você está a perguntar a um cego se quer ver.

direcção, cabo espichel.
- vamos parar. quero mostrar-lhe um sítio especial da minha juventude.
- ok.
conduziu, quase a pé, até bem perto da falésia. subiu à única pedra branca do lugar. depois encetou caminho até ao areal. ela seguia-o em silêncio.
- ontem estava um dia feroz. bom para morrer. se você não me tem dito que hoje vinha comigo, tinha-me atirado lá de cima.
a rapariga exitou no falar. não estava preparada e o homem parecia-lhe tão sério.
- já olhou bem a água? era um splash de se ouvir em lisboa. ia aparecer em todos os jornais.
se um dia me apetecer coisa parecida, não há-de ser no mar. respeito-o muito.

- vamos comer uma santola a sezimbra?
- bom programa. isto de falar de suicídio abriu-me o apetite.
riam.
na realidade a rapariga tinha o coração tão pequenino como o de um pardal. mas dar parte de fraca, não estava nos projectos do passeio.
à noite, mal fechou os olhos, viu um pé enorme sobre uma pedra branca, à beira de um abismo.
mouser.org
- estaria ele a falar a sério?
raio de sentido de humor para quem fala em casar!
nada no dia iria ser diferente.

também não gostava de café. sem açucar parecia veneno, com açucar, uma espécie de xarope antigo. tomava-o só pela cafeína, já de cigarro aceso.
- está um sol de fazer doer os olhos a qualquer toupeira. é assim que me sinto, mas em casa não fico, a primavera é para celebrar.
hoje acordei ridícula. celebrar a primavera cercada de caixotes, de gigantescos caixotes, onde nem parece viver gente. não terão nada mais para me tirar? a minha opinião nunca contou.

- ainda aí estás? não tinhas de sair? vais deixar o homem especado à espera? olha que ele não é nenhum miúdo já, como eram os outros, pode-se fartar...
- vou já. ainda há tempo. também se se fartar que vá. aí está uma coisa boa para me tirar o sono que não tenho!
- julgas que vais ser sempre nova, é?
está morta por acasalar-me de vez. ao tempo que isto dura! não tem mesmo imaginação para mais. discutir para quê? nunca houve diálogo possível...
- quem dera que a ele lhe apeteça ir até ao campo. tenho sede de papoilas e trigais.

- como se a vida fosse isso. devias ter andado na monda para ver se tinhas saudades...
saiu. era pior o discurso patético, repetido anos a fio, que qualquer acimentada arquitectura.
- até logo mãe. não sei a que horas venho mas não se preocupe. eu telefono se não vier jantar.
ia contar-lhe que ele queria casar, a todo o custo, mas para quê? ela iria aplaudir...
3/12/2006
3/11/2006
3/10/2006
aves da manhã

3/09/2006
Isto Não É Um Diário.
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